Os escribas e fariseus eram adeptos da religião do faz de conta. Achavam que a prática de rituais fosse indício de religião autêntica. Mas, certo dia, eles foram desmascarados por Alguém que, usando um infalível aparelho de ressonância espiritual, viu cada centímetro quadrado da matéria putrefata em que consistia a vida deles: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia!” (Mt 23:27).
Não há muita diferença entre os “sepulcros caiados” do tempo de Jesus e os de hoje. Existe muita caiação religiosa entre nós. Essa postura merece um nome nada agradável: hipocrisia.
Os hipócritas gostam de se vangloriar. Além disso, não se apercebem de que constituem um entrave ao crescimento espiritual da igreja e à obra de evangelização. Algumas pessoas saem da igreja porque se escandalizam com a religião do faz de conta. O prejuízo causado por uma religião de epiderme é tão grande que Jesus deu nome ao cemitério dos escandalizadores: “profundeza do mar”(Mt 18:6). Contudo, não nos cumpre decidir quem deve ir para esse lugar, porque presunção espiritual também causa escândalo.
Vamos dar alguns exemplos de sepulcros caiados, a fim de nos prevenirmos contra a síndrome da religião de aparência.
É tempo de sermos formosos por fora e por dentro
1. Faça o que digo, mas… Todos nós conhecemos o ditado: “Faça o que digo, mas não faça o que faço.” No lar, na escola e na igreja, o abismo entre as coisas que ensinamos e as que deixamos de fazer é um desserviço à obra do Senhor.
Na minha adolescência, trabalhei numa fábrica de alimentos. Todos os dias eu conversava com um funcionário que, aparentemente, era honesto. Com a boca, ele defendia os princípios da igreja e, com as mãos, se esmerava no trabalho, mas tinha o hábito de furtar produtos da fábrica! Quando eu soube disso, fiquei decepcionado, mas, com o passar do tempo, entendi que meu grande exemplo é Jesus.
A igreja perde muito quando alguns exigem isso e aquilo dos membros, mas não praticam o que ensinam.
2. Sou mais santo do que você. Essa atitude é também comprometedora, pois caracteriza aqueles que se ufanam de sua religiosidade. Alguns optam pela aparência exterior, como se isso fosse sinal de vida espiritual exemplar. Exaltam regras e normas, tentando segui-las à risca, mas negligenciam o desenvolvimento das virtudes cristãs.
No campo do estilo de vida, tais pessoas são reducionistas, pois acham que não comendo isso nem bebendo aquilo são cristãos genuínos. Sim, precisamos de uma reforma na área de saúde, mas esse processo começa pelo coração. Em primeiro lugar, o coração de pedra precisa ser transformado em coração de carne. Depois, vem a luta contra a carne. Não nos esqueçamos de que Deus é quem deve ser glorificado: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, [...] e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (1Co 6:19, 20).
3. O que me interessa é aparecer. Característica marcante dos portadores da síndrome de “sepulcros caiados” é o desejo de serem vistos. Ora, a igreja é lugar para serviço desinteressado, não para culto ao ego. Há pessoas que, se não estiverem na posição de comando, não servem para nada. Isolam-se e veem defeito em tudo. O que, na verdade, desejam é mostrar suas habilidades e ser elogiadas por sua capacidade empreendedora. Essa atitude também esconde um homem interior putrefato, carente do poder regenerador do Espírito.
A grande motivação de uma pessoa transformada interiormente é o desejo de proclamar, pelo exemplo e por palavras, a superioridade e excelência do Filho de Deus: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor” (Ap 5:12).
Conclusão – Quando nos despojarmos das máscaras mencionadas acima, reconheceremos nossa indignidade e passaremos a depender do poder do Alto. Então, seremos formosos por fora e por dentro.
Rubens Lessa é editor da Revista Adventista.rubens.lessa@cpb.com.br
Fonte: Sétimo Dia
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