Certo bêbado, que tinha sido convertido e transformado, dava glórias a Deus pelo que tinha ocorrido. Perguntaram-lhe: “você não acredita realmente que essa coisa de milagre existe, não é mesmo? Algo como Jesus transformar água em vinho não parece ser muito possível”. O ex- alcoólatra rapidamente respondeu: “Se eu não acredito? Acredito sim. Lá em casa, ele transformou o uísque e a cerveja em móveis, e até em um carro novo”. Pois é, como ele não precisava mais gastar dinheiro com a bebida, ele agora podia investir no seu bem estar.
Fiquei pensando se ainda podemos falar em milagres. E melhor, qual foi o milagre mais difícil que Deus realizou? Qual exigiu mais Dele?
Quero refletir sobre o relato que se encontra em Marcos 2:1-12, que fala da cura de um paralítico em Cafarnaum.
I. Entendendo o Milagre Na Bíblia
Jesus tinha acabado de voltar de sua primeira viagem missionária à Galileia. Ele tinha tido muito sucesso, a tal ponto de não poder mais entrar nas cidades (1:45). O texto diz que Ele foi para Cafarnaum, e que estava em casa (2:1).
O verso 2 nos diz que ao chegar ali, muitas pessoas foram a Ele, e Ele lhes pregava a palavra. Bom, isso não parece nada de novo. Mas eu quero chamar a atenção para o mesmo relato, que se encontra em Lucas 5:17. Eu vou ler para vocês: E aconteceu que, num daqueles dias, estava Ele ensinando, e achavam-se ali assentados fariseus e mestres da Lei, vindos de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com Ele para curar.
Em primeiro lugar, estavam ali líderes religiosos, que tinham ido para espiar Jesus e ver se encontravam coisas para desmerecer o ministério de Jesus. Tentavam encontrar alguma coisa para condenar Jesus. Bom, isso também não era novidade. Agora, o que me chama a atenção é a última frase do texto: E o poder do Senhor estava com Ele para curar. Isso quer dizer que o Espírito de Deus pairava naquele lugar, tentando impressionar os corações para que Cristo operasse os milagres. O Espírito de Deus estava tentando abençoar aquelas pessoas, mas elas estavam com o coração fechado. E por isso, nada tinha acontecido.
O Paralítico
Mas as coisas não ficariam assim. Alguém precisava desesperadamente do Mestre. Voltando para o texto de Marcos, vemos no v. 3 que um grupo de pessoas se aproxima, carregando um homem em sua maca de dor. Ele era paralítico. Não sabemos muito sobre a história dele, mas talvez ele estivesse acamado por causa de seus próprios erros. Se fosse hoje, poderia ser porque ele tinha bebido e dirigido, ou tinha participado de um assalto, etc. Algo tinha sido feito, que não era para ele fazer. Assim, ao mesmo tempo em que sofria da dor física, ele também se sentia muito culpado por tudo.
Ele não tinha mais esperança. Aqueles que deveriam lhe dar conforto, simplesmente lhe viravam a cara. Diziam que por causa do seu erro ele estava pagando o preço. Era culpado e por isso deveria morrer. Com o tempo, as pessoas deixam de perceber um ser humano, e veem apenas uma doença que precisa ser curada. Com isso, seu valor pessoal, sua felicidade na vida, sua realização como pessoa parece estar paralisada, que nem suas pernas.
Quase perdendo a esperança, ele ouve falar de Jesus. E Jesus se torna a única chance que ele tem de ser curado. Mas, ele não tem como ir ver o mestre. Por isso, pede para quatro amigos o levarem até o Senhor.
Imagino a ansiedade dele no caminho. Será que o Mestre o rejeitaria como as outras pessoas? Será que o Mestre conseguiria resolver seu problema? Será que ele teria que falar alguma coisa sobre o seu passado? Seu sofrimento psicológico era muito maior que seu sofrimento físico.
Ao chegar ao lugar, percebem que será uma tarefa impossível. Mas para aquele homem desesperado, aquilo não era impossibilidade. Ele pede para os amigos o levarem para o teto, e baixarem a maca onde ele se encontrava. Naquele tempo, os tetos eram quadrados, e cobertos apenas com ramos ou galhos secos.
II. Encontro com Jesus
No v. 5 percebemos Jesus agindo. E Ele age por causa da confiança que o homem tinha de que Ele podia fazer alguma coisa. Mas, o que Jesus faz, surpreende a todos. Jesus não o cura imediatamente do mal físico. Jesus faz algo mais, Ele o perdoa os pecados. Primeiro Jesus tira o peso da culpa da vida daquele homem, para depois operar um milagre. Por quê?
Porque, se Jesus tivesse apenas curado aquele homem fisicamente, ele poderia muito bem voltar a fazer o que era errado. Mas, para que fosse uma obra completa, Jesus deu ao homem o que ele mais precisava: paz interior.
O homem procura Jesus querendo andar de novo, mas Jesus o faz nascer de novo. O homem queria ter restaurada a saúde. Jesus lhe dá uma nova vida. E isso era muito mais do que aquele homem podia imaginar.
Só que as pessoas que estavam ali presentes pensaram que isso era algo blasfemo. Os espias e líderes judeus que ali estavam diziam em seus corações que falar aquilo era muito fácil. Qualquer um podia dizer.
Jesus, lendo a intenção que ia no coração deles, olha e fala algo que não parece tão sério, mas que contém a grande verdade. “Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda?” (v. 9). Aqui está o grande X da questão. O que é mais fácil?
Se você não entendeu o que está envolvido, eu queria lhe perguntar uma coisa: O que é mais fácil para Jesus, curar o corpo, ou transformar o coração? O que causou menos dor a Jesus, providenciar uma maneira para que o homem pudesse andar de novo, ou prover um caminho para que o homem pudesse viver novamente na eternidade?
Para curar o corpo, só foi necessária uma ordem de Jesus. Para dar perdão, foi necessário o Seu sangue. Para a cura, foi preciso só um momento; para o perdão, foi necessário a Sua vida. O que foi mais difícil para Jesus fazer?
III. O Milagre do Perdão
Esse é o maior milagre. Perdoar e dar uma nova vida. Não conseguimos oferecer perdão a quem precisa. Só que o que as pessoas não percebem é que a cura e o perdão caminham de mãos dadas.
Muitos, como o paralítico, estão sem conseguir seguir em frente em suas vidas. Estão magoados, ressentidos, presos a coisas que lhes aconteceram e com pessoas que antes eram de sua confiança, mas agora não conseguem nem mesmo se aproximar das mesmas.
Eu sei que cada um tem suas próprias cicatrizes a carregar, o peso pelo erro de outros. Só que eu estou aqui para dizer que hoje é o dia de haver perdão.
Quero dizer que perdoar não significa trazer a pessoa de volta para dentro do seu íntimo, e fingir que nada aconteceu. Isso pode até acontecer em determinadas situações, mas isso não é o mesmo para todos. Muitas vezes, o perdão ainda vai exigir a reparação da parte da outra pessoa, ela ainda vai ter que arcar com as consequências do seu erro. Mas o perdão é abrir mão do direito que você tem de se vingar. É deixar que a culpa recaia sobre Deus, e não prosseguir mais com esse peso.
Oferecer perdão é como aliviar os ombros de uma carga muito pesada. É experimentar a paz que excede todo o entendimento, a paz que não tem razão de ser, só a presença de Cristo na vida. E Cristo é especialista em lidar com nossas emoções. Ele pode mudar os sentimentos ruins que temos acariciado por tanto tempo, mas Ele precisa da permissão.
Quero reforçar que perdoar não é algo que o ser humano faz naturalmente. Apenas pela presença da graça de Cristo no coração é que podemos ter certeza de que teremos perdão para oferecer. Portanto, sua luta não é para perdoar alguém que machucou você. É para deixar Cristo entrar em você e ser o Senhor de tudo o que você é.
CONCLUSÃO
E é essa mensagem que quero deixar. O Espírito de Deus ainda quer tocar os corações, e quer fazer milagres. Ele quer livrar você desse peso, dessa dificuldade que você carrega. Ele quer que a paz que vem do perdão alcance seu coração. Contudo, isso depende de você O permitir.
Em primeiro lugar, gostaria de falar para as pessoas que precisam oferecer perdão. Eu não sei o que aconteceu, não sei que sofrimentos você viveu, mas sei que Deus quer libertar você disso. Ele precisa da sua disposição e permissão para entrar e mudar sua vida. Ele quer fazer de você uma nova pessoa.
Quero falar também para aqueles que necessitam de perdão, como aquele paralítico. Talvez você também, nessa manhã, esteja passando por dificuldades e lutando para sobreviver com o sentimento de culpa. Você não se acha digno, e por isso sofre. Você pode estar escondendo essa dor de todos aqui, mas Deus sabe. Ele quer que você usufrua do perdão que só Ele pode oferecer.
Para esses dois grupos, eu quero dizer que Deus quer dar uma nova vida para vocês hoje. E hoje é o dia de aceitar, e permitir que o Espírito trabalhe em sua vida.
Que Deus abençoe sua família,
Osmar Reis Junior
Psicólogo do CEAFA
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