domingo, dezembro 02, 2012

O que Ellen White não disse


Recentemente vi uma mensagem de um programa de TV, onde o assunto era sobre a salvação, o vídeo pode ser visto no youtube. O apresentador do programa, citou o livro de Ellen White chamado "Primeiros Escritos", Páginas 257 e 258, ele fez a citação da seguinte maneira:
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"Ellen White vai dizer o seguinte: que A salvação das almas humanas depende dos seus escritos".
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Meu querido leitor, o texto mencionado realmente existe, porém não da maneira como foi citado e interpretado. Para que todos possam averiguar, coloco abaixo o texto na íntegra e com sua verdadeira interpretação (o que realmente nem seria necessário porque o texto é claro e não necessita de reinterpretação). O texto diz:
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"Vi um grupo que permanecia bem guardado e firme, não dando atenção aos que faziam vacilar a estabelecida fé da comunidade. Deus olhava para eles com aprovação. Foram-me mostrados três degraus - a primeira, a segunda e a terceira mensagens angélicas. Disse o meu anjo assistente: "Ai de quem mover um bloco ou mexer num alfinete dessas mensagens. A verdadeira compreensão dessas mensagens é de vital importância. O destino das pessoas depende da maneira em que são elas recebidas." De novo fui conduzida às três mensagens angélicas, e vi a que alto preço havia o povo de Deus adquirido a sua experiência." Ellen White, Primeiros Escritos - Páginas 257 e 258. (Grifos meus).
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Portanto o texto foi sem dúvida mal interpretado no dito programa televisivo. Embora Ellen White não tenha citado o capítulo e nem o versículo, qualquer estudioso da bíblia e das profecias sabe que ela está se referindo ao capítulo 14:6-11 de apocalipse, onde é mencionado as três mensagens angélicas e não a seus escritos pessoais como norma de salvação das almas.
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Ellen White afirma neste texto que o destino das pessoas depende muito da maneira de como elas receberão as advertências das três mensagens angelicais.
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Quais são então essas mensagens angelicais? E qual o seu significado?
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Primeiro anjo - Apoc. 14:6 - "E vi outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo..."
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O verso 6 começa dizendo que João viu um anjo voar pelo meio do céu, esse é o primeiro anjo numa série de três. O vôo do anjo pelo meio do céu, a grande voz com que é proferida a advertência, evidenciam a rapidez e extensão mundial em que esta mensagem seria levada a todos os povos, nação, tribo, língua e povo. O evangelho eterno não representa apenas a validade, autenticidade e a plenitude de toda a bíblia, mas também a boa notícia de que Jesus nos salva do pecado e nos restaura à comunhão com Deus. A cruz de Cristo é o ponto focal dessa boa notícia. Este primeiro anjo assim como os dois outros anjos, são representados pelos verdadeiros cristãos que proclamam a verdade pelo mundo. Não é difícil entender dessa maneira porque não são literalmente anjos que estão pregando o evangelho pelo mundo mas mensageiros humanos que foram comissionados por Cristo (Mateus 28:16-20). A palavra grega para "anjo" às vezes significa um mensageiro humano (S. Mateus 11:10; S. Lucas 9:52). Indubitavelmente, anjos do céu se acham intensamente envolvidos na mesma obra, mas a proclamação do evangelho foi confiada a cristãos comissionados por Cristo como descritos acima.
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Apoc. 14:7 - "Dizendo com grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória; porque vinda é a hora do Seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas".
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Temer a Deus, segundo recomendado no texto acima, significa aproximar-se dEle com reverência, respeito e lealdade. Também significa um alerta para a importância da verdade divina apresentado nas mensagens desses versos para o tempo do fim. A expressão "chegou a hora de seu juízo" nos leva diretamente ao juízo descrito em Daniel 7:9-14; 8:9-14 e 9:22-27. Esses versos tanto de Apocalipse quanto de Daniel chama o julgamento divino que precede o segundo advento de Jesus, portanto que já ocorre em nossos dias. (Para uma compreensão melhor, é necessário estudar sobre as 2300 tardes e manhãs e os juízos no santuário terrestre e celestial).
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É importante lembrar que todo julgamento acontece porque determinadas leis foram transgredidas. Não tem sentido um julgamente sem lei. Para que julgar se não existe lei? Pela descrição do verso 12, fica evidente que os que são absolvidos consequentemente chamados de santos são os que guardam os mandamentos de Deus. A lei de Deus em seus mandamentos (Êxodo 20), é que serão as normas de julgamento para todo ser humano.
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"Dai-Lhe Glória", Existe um paralelo entre essa frase do primeiro anjo de Apocalipse e I Cor. 6:20 - "Porque fostes comprados por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus".
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A glória de Deus é revelada no corpo e no espírito (caráter). Um relacionamento de entrega contínua a Deus resulta em vida completamente transformada, renovada até mesmo no corpo. Glorificamos a Deus de duas formas, sendo em conservar o corpo na mais perfeita condição saudável possível e no caráter, para a habitação do Espírito Santo (I Cor. 10:31; I Cor. 16:17). Uma vida de submissão a Deus resulta em uma vida de vigor, saúde não apenas no corpo mas também de um caráter renovado a semelhança do caráter de Jesus. A mensagem de saúde e de renovação da mente e do caráter são condições importantes para honrar e glorificar a Deus em nossas vidas. Uma pessoa que desrespeita as leis do organismo e da saúde sentenciando seu sofrimento e morte não pode estar em condições de viver num céu maravilhoso onde essa indiferença não poderá existir. Da mesma forma que não poderá viver no céu ao lado de Deus alguém que diz amá-Lo mas continua praticando atos imorais tendo assim um caráter ainda maculado. Esta mensagem é significativa porque apela para renuncias e entrega completa de nossas vidas a Deus.
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"Adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas".
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O significado da vida está e é expresso na verdadeira adoração ao Criador. O apelo do primeiro anjo para adorar "Aquele que fez" todas as coisas destina-se a conduzir-nos de volta à perfeita comunhão com o nosso Criador". Este verso nos leva diretamente ao texto de Êxodo 20:8-11 nos fazendo lembrar que Deus criou a vida na terra como o céu, a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou dessas obras. Assim o texto apela para descansarmos também de nossas obras com o objetivo de O adorar como o Criador de todas as coisas. A mensagem do primeiro anjo é sem dúvida alguma um apelo para que a humanidade se lembre novamente do dia de sábado para o separar a Deus como memorial da existência humana e de toda vasta criação. É interessante analisar este texto e sua importância para os dias atuais, num contexto de evolucionismo e ateísmo crescente e de um falso sábado (domingo) sendo introduzido e defendido com força até mesmo políticamente.
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Um dos temas centrais do Apocalipse, e também de toda a bíblia, é o conflito da adoração e o contraste entre o verdadeiro e o falso culto.
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No estágio final da história humana, antes do retorno de Cristo, esse conflito deve atingir o seu ponto mais alto. As opções disponíveis são um dedicado culto a Deus ou um arremedo de culto à besta (Mat. 24:24; João 4:23, 24; Apoc. 13:8, 11-18). O sábado será indiscutivelmente a pedra de toque entre os que servem a Deus e os que não o servem. Sinal de Deus (Ezequiel 20:12,20) X sinal da besta (Apocalipse 13:15-17). (Sinal ou marca)
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Segundo anjo - Apocalipse 14:8 - "E outro anjo seguiu dizendo: Caiu, caiu babilônia, aquela grande cidade, que a todas as nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição".
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Deus proclama na mensagem do segundo anjo um apelo urgente motivado pelo amor e pela intransigente verdade expressa em Sua palavra. Essa mensagem toma a forma de uma denúncia e punição porque falsos sitemas religiosos de salvação em geral e de filosofias têm rejeitado a luz da mensagem do primeiro anjo levando o mundo a deslealdade a Deus.
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O termo babilônia é derivado de babel e significa confusão. É empregado nas Escrituras para designar as várias formas de religião falsa ou apóstata. Em Apocalipse 17:1-6, babilônia é representada por uma mulher, figura que a bíblia usa como símbolo de igreja (Efésios 5:25), sendo uma mulher vestida do sol (Apoc. 12:1), representando a igreja verdadeira, e a mulher embriagada, mãe das prostituições, representando a babilônia ou sistemas religiosos falsos. No verso 5 do capítulo 17 de Apoc. pode-se entender que existe uma igreja falsa com muitas filhas, uma igreja denominada como mãe e muitas outras denominadas como filhas. Igreja falsa são muitas (Apoc. 17:5), e igreja verdadeira é apenas uma (Apoc. 12:1). Para conseguirmos compreender quais os sistemas religiosos falsos é necessário compreender bem a mensagem dos três anjos por serem elas as mensagens finais de advertência ao mundo religioso.
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Embora babilônia simbolize todos os falsos sistemas religiosos, nos últimos dias envolverá especifcamente a união mundial do papado, do protestantismo apostatado, e do espiritismo moderno, em defesa total ao domingo em oposição ao sábado bíblico que é o sinal de Deus (Ezequiel 20:12,20). Sinal de Deus x sinal da besta. Por ordem de Deus, essa união perderá o seu poder, como aconteceu com a primeira cidade de babel. Por esta razão é que se usa a expressão "caiu, caiu, a grande babilônia (Apoc. 16:13,17; 17:17).
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Terceiro anjo - Apocalipse 14:9-10 "E seguiu-os o terceiro anjo, dezendo com grande voz: Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, também o tal beberá do vinho da ira de Deus..."
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A mensagem do terceiro anjo é uma séria advertência aos que aceitarem o sinal da besta em lugar do sinal de Deus. Pelo fato do sinal de Deus ser o Sábado (Ezeq. 20:12,20), o sinal da besta deve também ser um dia da semana contrário ao de Deus. O domingo é a marca distintiva da apostasia (Apoc. 13:16-17). A alternativa do selo de Deus é a marca da besta - o sinal distintivo da autoridade do cristianismo apóstata, exercida sem levar em consideração a escolha ou a consciência individual.
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O domingo que é defendido por muitas igrejas evangélicas nada mais é do que o sinal da autoridade católica. A própria igreja romana assume históricamente em numerosas declarações oficiais que não foi Jesus quem mudou o sábado para o domingo, mas a igreja. O trecho que se segue foi extraído de The Convert's Cathecism of Catholic, edição de 1977, veja abaixo:
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"Pergunta: Qual é o dia de repouso?
Resposta: O sábado é o dia de repouso.
Pergunta: Porque observamos o domingo em lugar do sábado?
Resposta: Observamos o domingo em lugar do sábado porque a igreja católica transferiu a solenidade do sábado para o domingo". Peter Geiermann (Rockford: Tan Books and Publishers), Pág. 50.
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O erudito católico romano, John A. O'Brien, em seu livro de sucesso> The Faith of Millions, decalra o seguinte:
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"Visto que o sábado, e não o domingo, é especificado na bíblia, não é curioso que os não-católicos, que alegam extrair sua religião diretamente da bíblia, e não da igreja, observem o domingo em lugar do sábado?" E prossegue dizendo que o costume de guardar o domingo "se baseia na autoridade da igreja católica, e não num texto explícito na bíblia". Edição revista (Huntington: Our Sunday Visitor, Inc., 1974), págs. 400,401.
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A aberta admissão da igreja católica romana de que, como instituição, foi responsável pela mudança do sábado pelo domingo como dia de guarda claramente indica o espírito de apostasia dessa organização. Que direito têm os homens de mudar a lei de Deus? O próprio Jesus disse que era mais fácil acabar o céu e a terra do que tirar um i ou um acento da lei de Deus (luc. 16:17). É válido lembrar que as Escrituras predisseram, mas não aprovam, essa tentativa de mudar a lei de Deus (Dan. 7:25). A advertência do terceiro anjo é clara contra aqueles que defenderem a mentira contra a verdade de Deus expressa em sua palavra. Os que adoram a Deus ficarão do lado da verdade e os que adoram a besta irão preferir ficar do lado do falso sábado. O sábado será sem dúvida a pedra de toque da lealdade a Deus; pois é o ponto da verdade especialmente mais controvertido.
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O termo Mão e fronte ou testa são figurativos e representam: Mão (Trabalho, poder - Eclesiastes 9:10), fronte (Decisão, escolha, entendimento - Romanos 7:25). Portanto significam exercer o poder da escolha a favor de Deus ou da besta.
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Basicamente essas são as mensagens dos três anjos para os dias finais da história deste mundo. Ellen White estava mencionando a importância que essas mensagens teriam para o destino de toda raça humana. Advertência e salvação é o tema da mensagem.

Por Gilberto Theiss

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