Gosto de pedir desculpas. Tenho uma dificuldade, ainda mais quando sei que a culpa não é toda minha, mas se esta palavrinha mágica for pronunciada por evitar a Terceira Guerra Mundial. É uma satisfação de dever cumprido, parecido com aquela que experimento ao correr meus cinco quilômetros diários, mesmo numa manhã fria e chuvosa. Algo do tipo “sei que preciso, sei que não preciso tanto, mas sei que será ótimo depois”. Captou a essência?
Obviamente, já que o assunto foi dar, nem preciso fazer charme para contar que dá um certo alívio ao receber também. Depois da mágoa, do mal entendido. Não resolve, não cura totalmente, todavia, um lenitivo é. É a água com sabão que aos poucos ajuda a não ficar a infecção. É algo do tipo: “não paga a conta, mas diminui a dívida”. Entendeu bem? Desculpe-me se não fui tão clara.
Deste tipo de desculpas eu gosto, cultivo afeição. Só que tem uma que não. É a desculpa por não tentar, por não fazer, por não ir adiante e não exercer. Esta eu abomino. Acho até que você também, ainda mais que é sempre a placa na frente da cara daquela pessoa que de fato não se esforça para resolver uma pendência ou constantemente vai na direção oposta à que deveria confiante que um simples “desculpa” resolve sua situação e explica sua falha.
Existem aquelas pessoas que conscientemente erram, querem errar, magoam e desdenham do sofrimento que provocam esboçando um “me desculpe” como código social que o isenta da consequência. Como aquele filho que sempre afronta e ofende os pais, a mãe que sempre se descontrola e espanca os filhos, o funcionário que sempre chega atrasado ou fica aquém do que poderia, ou o chefe que assedia seus funcionários. Muitos comportamentos doentios não são descartados ou tratados porque se escoram na tal desculpa.
Também tem a outra desculpa, parecida com esta, mas um tiquinho diferente. É de gente preguiçosa, sem ânimo, com afetação de sucesso. É aquele aluno que inventa sempre algo para justificar as constantes derrotas estudantis, é da gente rude que culpa o passado por ser grossa hoje em dia, é do divorciado que culpa sempre o outro cônjuge por seus fracassos sucessivos mesmo depois de anos.
Outro dia ouvi algo de uma pessoa que tentava proteger um indivíduo que foi grosseiro comigo. O protetor pediu para eu ser mais dócil com o fulano em questão, pois ele tinha vivido uma infância difícil, sem pais por perto, sem dinheiro, sem educação formal na idade certa, enfim… boas desculpas até. Acontece que isto não é desculpa, ou melhor, é, mas esfarrapada. Conheço muita gente (familiares, inclusive) que tiveram problemas iguais ou maiores, todavia olharam de novo pra sua situação e no lugar de se acovardar com autopiedade, fizeram daquilo trampolim para algo melhor. Gente que hoje tem formação, tem carreira, tem família e tem uma doçura e apreciação por seus semelhantes que nenhuma escola cristã poderia inculcar.
Não importa quão difícil seja ou tenha sido a sua vida, quantas dificuldades tenha passado ou quão chatas as pessoas ao seu redor. Simplesmente não há desculpas para a inércia! Antes de pensar numa desculpa, aqui, lendo este texto, pense em quanta coisa poderia ter feito se apenas se mexesse, se movesse! Não tem a ver com sua vida, tem a ver com seu caráter, com sua real vontade de mudar, de ir pra frente – e superar, muitas vezes -, além do que as circunstâncias dão por certo.
É sua vida, sua chance! Sem desculpas, por favor!
Por Fabiana Bertotti
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