Desde o começo da minha caminhada cristã (iniciada, infelizmente, só aos 19 anos de idade), eu percebi um abismo muito forte entre a PRIMEIRA e a ÚLTIMA IGREJA do Senhor.
A primeira é a que encontramos no livro de Atos. A segunda, noApocalipse.
Uma é descrita como unida, alegre, evangelizadora, atuante, altruísta, benevolente, cheia de graça… a outra é morna, arrogante, orgulhosa, auto-suficiente, infeliz, miserável, pobre, cega e nua.
Paulo também escreveu uma carta para a Igreja dos Laodicences (cf. Col. 4:16). Será que foram as mesmas palavras de João no Apocalipse?! Não sabemos… ainda!
A Igreja Primitiva não tinha tanto conhecimento teológico, doutrinário ou mesmo “técnico” para levar avante a pregação de sua fé, mas eles tinham o principal: o Espírito Santo impregnado em suas vidas. Isso foi o suficiente para levar o Evangelho a todo o mundo conhecido de sua época.
Por que?
Ela valorizou mais a prática do que a teoria religiosa.
A Igreja de Laodicéia tem um vasto conhecimento, nas mais diversas áreas da vida cristã; tem uma estrutura mundial que lhe dá uma ampla sustentação para o avanço da pregação; utiliza os mais modernos meios tecnológicos para difundir o Evangelho Eterno; mas não é descrita com as mesmas qualidades da Igreja de Atos (2:41-47; 4:31-35).
Por que?
Ela valoriza mais a teoria religiosa do que a prática da fé.
O amor do Senhor pela Igreja de Laodicéia é o que O motiva a estender seu período de graça. Aliás, conforme a própria Mensageira do Senhor para estes últimos dias, “para Deus, o mais caro objeto na Terra é a Sua Igreja” (Parábolas de Jesus, pág. 166).
Mesmo “débil e defeituosa”, Ele não a tem rejeitado, pois a ama com um amor que nasceu na Eternidade.
Mas, ao invés de fazer com que esta Igreja se acomode em sua “vidinha morna”, este maravilhoso amor divino deveria impulsionar nela o deseja de mudar, de renascer, de “esquentar”.
Um dos traços que mais me chamam a atenção na Igreja de Atos é a qualidade da comunhão que seus membros mantinham entre si. Nas entrelinhas dos textos bíblicos podemos ver um povo feliz, animado, vibrando por amor a Deus e a seus irmãos e irmãs. Uma comunidade de fé que nem os maiores pensadores do Socialismo dos séc. XIX e XX poderiam almejar. Aliás, a ÚNICA comunidade verdadeiramente Socialista na História deste mundo foi aquela que nasceu das palavras de Jesus e da liderança dos apóstolos. Depois dela, nenhuma outra existiu com tanta valorização do significado de “UNIDADE” sem opressão, torturas ou morte (por parte de seus próprios membros).
E hoje? Como é que está o “remanescente” daquela Igreja tão amada e amante?
Há cerca de 2 anos, em uma Lição de Escola Sabatina, por exemplo, novamente estudamos sobre a manifestação do Espírito Santo em nossas vidas. Na ocasião, reavivamos os “conceitos” teóricos de amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade e fidelidade. Mas, em que isto modificou a minha ou a sua vida? Até que ponto nos tornamos mais amorosos, alegres, pacientes, etc.? Foi apenas mais uma teoria relembrada, ou deixamos que o Espírito Santo, o Consolador Prometido, nos tenha moldado ao longo daqueles 3 meses?
Pregamos sobre o amor, mas não aprendemos ainda como amar…
Pregamos sobre perdão, mas não aprendemos ainda a perdoar…
Pregamos sobre fé, mas não aprendemos ainda a mantê-la nas horas de duras provas…
Pregamos sobre salvação, mas não nos sentimos “lavados pela graça” de Cristo…
Pregamos sobre evangelização, mas não sentimos ainda o desejo de sair de nossos casulos para irmos em busca dos perdidos…
Lembro-me da experiência de um jovem líder que durante mais de 13 anos dedicou sua vida inteiramente à esta fé. Muitos jovens que hoje lideram a Igreja, passaram por suas mãos, assistiram suas pregações, ouviram seus conselhos, espelharam-se nele. Famílias que hoje estão formadas, surgiram graças ao trabalho que este jovem se permitiu fazer através do Espírito Santo em sua vida.
Mas, como ninguém é perfeito, ele caiu… e foi obrigado a viver numa espécie de “limbo”, como ele mesmo costuma dizer nos poucos momentos em que comenta este assunto. Mesmo com todo conhecimento de vida cristã que ele possuía, com toda “bagagem” de conhecimento doutrinário que adquiriu, ele permaneceu à margem da vida da Igreja por longos 4 anos. Frequentava os cultos, mas só podia ficar sentado, ouvindo.
O inimigo tentou derrubá-lo de uma vez por todas em diversas ocasiões, e através do coração insensível de alguns líderes, “quase” alcançou grande vitória. Infelizmente…
Lemos na Bíblia que Jesus mandou que nos perdoássemos SETENTA VEZES SETE VEZES, e não impôs condições para isso. Dá um bonito sermão para um sábado de manhã… mas na prática…
“Onde abundou o pecado, superabundou a graça…” (Rom. 5:20). Que texto lindo!
Talvez seja esta a “segurança” de Laodicéia. A graça tem sido superabundante, pois os pecados são muitos: indiferença, egoísmo, hipocrisia, falsidade… e muitas vezes por parte dos próprios líderes da instituição.
Não podemos evitar o PERÍODO da Igreja de Laodicéia… mas podemos, sim, não permanecer no ESTADO dela.
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Se você conhece algum “ex-irmão” ou “ex-irmã”, tire um tempinho nesta nova semana para orar por esta pessoa.
Mas, ande uma segunda milha e diga a ela que você entende sua dor, e que ela continua sendo importante para você, para a Igreja e para Deus. Mande um torpedo, um e-mail, um twitter, um “curtir” no Facebook, ou simplesmente ligue. Se quiser e achar que pode fazê-lo, ande a “terceira milha” e faça-lhe uma visita, não para falar do passado, mas da graça que há no presente e no futuro.
Você não imagina o bem que isto faz!
“… e em todos eles havia abundante graça” (Atos 4:33).
Pr.Gilson Medeiros
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